Amazônia
 

A história do jogo
como tudo começou


 

Tudo começou no final do ano de 1981, quando logo após adquirir meu primeiro micro, um NE Z80 (compatível com a lógica Sinclair), percebi que além dos jogos de movimento, era possível e até recomendável desenvolver jogos de raciocínio e o modelo que mais fazia sucesso naquela época eram justamente os adventures, notadamente a série adventureland, do Adam Scott para TRS 80, modelo I. No entanto não havia nada escrito para os "micrinhos" ZX.

Na mesma época adquiri um livro ingles, sobre programação de jogos, com vários exemplos e no final, um pequeno adventure chamado City of Alzan. Depois de digitar e rodar o jogo, meu fascínio pela estrutura desse modelo de programação se consolidou e dai em diante não parei mais de estudá-la.

Ficou claro desde o primeiro momento que os micros ZX não comportariam um enredo muito complexo, baseado naquela estrutura de programação do City of Alzan então, iniciei o desenvolvimento de uma estrutura otimizada para que, em míseros 16 Kbytes de memória, fosse possível desenvolver um enredo um pouco mais complexo.

Paralelamente, ao longo do ano de 1982 desenvolvi o enredo do Amazônia, com as situações que o jogador deveria vivenciar e seus desdobramentos. Ainda que no final o sistema de controle do jogo estivesse rodando com o aproveitamento máximo da memória, muita coisa teve que ficar de fora do jogo por pura falta de espaço.

Recém formado em Desenho Industrial e Comunicação Visual, em dezembro de 1982, com o jogo quase pronto e testado, parti para o planejamento e projeto do produto final, que seria composto por um manual (jogo e programação) e uma fita cassete, para que não se precisasse do trabalho da longa digitação dos códigos. O produto final deveria ser vendido em bancas de jornais, por um preço bastante acessível.

Ao mesmo tempo evoluiam as negociações com uma editora de informática, que na época publicava a única revista sobre computadores, no Brasil, a revista Micro Sistemas e que eventualmente publicava jogos.

A primeira versão do jogo Amazônia, chamada Aventuras na Selva, foi então finalizada em janeiro de 1983 e publicada integralmente pela revista Micro Sistemas, na edição número 23, de agosto deste mesmo ano. Naquele momento os administradores não se sentiram confiantes no mercado o suficiente para arriscar a venda em bancas.

A primeira versão do jojo foi escrita na linguagem Basic e era destinada aos microcomputadores que aqui no Brasil era conhecidos como NE Z8000 e TK 82c, os micros mais populares daquela época. O jogo, que rodava com expsansão de memória de 16 Kbytes, era totalmente em versão texto. A principal característica desses equipamentos era o fato de não possuírem letras minúsculas e muito menos acentuação.

A edição da revista Micro Sistemas, em pouco tempo, esgotou nas bancas e tornou-se um dos exemplares mais disputados por colecionadores. Nos meses finais de 1985 foram lançadas as versões para os microcomputadores compatíveis com as linhas TRS 80 modelo III e ZX Spectrum, também da Sinclair.

Totalmente reformuladas, com mais locais, descrições mais detalhadas e muito mais situações de perigo para o jogador, essas novas versões foram reescritas em linguagem Assembler para obter o máximo de desempenho dos computadores.

O lançamento foi feito em grande estilo, com publicidade em todas as revistas de informática da época, embalagem especialmente projetada para o jogo e pontos de venda nas principais lojas das grandes cidades.

Rebatizado com o nome de Amazônia, o jogo foi novamente um sucesso de público. Em 1986 ficou pronta a versão para MSX, ainda em formato de adventure baseado em textos. O sucesso dos micros MSX fez com que o Amazônia se tornasse um bestseller entre os jogos de inteligência.

Considerado um clássico dos jogos adventures escritos em língua portuguesa, o Amazônia sempre esteve presente nas revistas de informática. Seu sucesso nesta época foi tão grande que uma revista especializada em micros da linha MSX (revista CPU-MSX) dedicou a matéria de capa, de uma de suas edições, ao jogo, dando inclusive dicas valiosas de como chegar até a saída do jogo.

Do sucesso do Amazônia nasceram outros adventures em português, como o Serra Pelada (também publicado integralmente pela Micro Sistemas nos anos 80; o Lenda da Gávea (para MSX) e o inovador Angra-I (também para MSX). No final de 1990 foi lançada a primeira versão do Amazônia para micros compatíveis com o PC, numa versão texto para placas CGA monocromáticas.

Logo a seguir, em 1991, foi lançada a primeira versão gráfica do jogo - ainda para PC/CGA. Com a popularização dos micros 386 VGA, no final de 1993 a PRO KIT informática lançou a versão colorida do jogo.

Em dezembro de 1995 ficou pronto o novo sistema de controle interativo, para adventures, o qual permitia a coexistência de dois tipos de controle do jogo: o tradicional, com a digitação das frases e o interativo, baseando as ações no uso do mouse.

Em julho de 1996 foi lançada a versão do Amazônia para placas SuperVGA, com resolução gráfica de 640 x 480 x 256 cores. Esta versão só foi produzida em CD-ROM e foi primeiro jogo brasileiro produzido e distribuido neste tipo de mídia.

Em setembro de 1996 foi lançada a primeira versão do Amazônia para ambiente Windows, mantendo toda a funcionalidade do novo sistema de gerenciamento de adventures e trabalhando com configurações Hi-Color e True-Color nos computadores da linha PC.

A partir de 1997, o jogo passou a incorporar o acervo exclusivo de programas da TILT online e sua distribuição tornou-se, a partir de 2002 restrita apenas aos assinantes do club TILT, ou mediante o pagamento de uma taxa de licenciamento. Desde que aportou na internet o jogo tem colecionado recordes de download onde quer que seja disponibilizado.

Em outubro de 2010 o Amazônia foi incorporado ao sistema Zeus, como o primeiro jogo completo disponibilizado nesta plataforma. Com essa integração, o jogo retorna às suas origens, com a publicação dos seus fontes.