"Um conto dinâmico"

O conto interativo é a descrição de um evento ou acontecimento, geralmente feita por um narrador ou mesmo por um personagem do enredo, modelada de forma a permitir que o leitor navegue pela narrativa alterando-lhe o sentido ou o direcionamento.


Veja o exemplo a seguir:

"Pedro entrou na sala de espera lotada de pessoas, com uma dor aguda no braço. Imediatamente lhe veio à mente a pergunta recorrente nessas situações: será que vai demorar?

Num canto, uma senhora aparentava uma calma profunda, mesmo estando à mostra seu ferimento na perna.

Pedro ficou em dúvida...

Falar com a senhora e aprender como ser zen numa situação dessas

Falar com a atendente e pedir agilidade

Ir embora, afinal o atendimento ia demorar mesmo "

Essa estrutura, no campo dos contos interativos é considerada clássica e fez sua estréia ainda nos anos 1970. Nos dias modernos podemos lançar mão de construções literárias mais elaboradas, tanto textualmente, quando esteticamente. Por exemplo:

"Pedro entrou na sala lotada de pacientes, com um dos braços doendo. Olhou ao redor tentando se integrar ao cenário. Num dos cantos, uma senhora aparentava uma calma intrigante - talvez conversar com ela fosse esclarecedor.

Já a atendente, conversando ao telefone com alguma amiga, merecia ser questionada se não havia nada a fazer para agilizar as coisas. Mas, sabendo que o atendimento iria demorar, Pedro pensou em ir embora afinal a dor no braço não era tão intensa assim."

Duas coisas podemos destacar dessas duas formas de expressar a mesma situação: a primeira é que o modelo clássico provoca uma quebra na leitura e faz com que o leitor tenha que "pensar" qual a melhor atitude a tomar. Nesse momento ele pode inclusive avaliar qual das alternativas seria mais conveniente, tentando antecipar os resultados.

Já o desvio dentro do parágrafo mantém o leitor "no clima" e pode inclusive induzi-lo a tomar a decisão que o autor preferiria. Neste ponto, a ordem de apresentação das opções é importante. Note que nos dois casos ir embora foi a última coisa apresentada, ou seja, o autor quer que o leitor interaja antes de optar por sair da cena.

E não podemos esquecer que o modelo conto se presta melhor a uma narrativa mais, digamos, politizada:

"Pedro entrou numa sala do SUS tipicamente lotada de pacientes reclamando da vida. A atendente, funcionária pública com aquele mal humor característico e fofocando ao telefone, parece não dar a mínima importância para quem está sofrendo e merecia que sua atenção fosse chamada.

Já uma senhora, calma num dos cantos, deixava transparecer que era uma profissional de consultório e provavelmente teria muito a ensinar sobre salas de espera, se ela estiver disposta a uma conversa.

Ir embora seria uma opção mas ai o processo de obter uma nova senha de atendimento jogaria Pedro para o final da fila, podendo ser atendido dentro de um ano ou mais."

Note que neste formato existem 3 pessoas em destaque: o leitor, o narrador e o personagem que recebe o foco nesta cena (Pedro). O narrador apresenta (e influencia) a decisão a ser tomada, que no caso será o leitor decidindo como o personagem deve agir.


E o que é uma aventura interativa?

Ok, entendi

Recapitulando...

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