"Sangue, suor e lágrimas."

Já temos o personagem central, ou seja aquele que será "vivido" pelo leitor ou jogador. Será um índio guarani, cujo nome não será mencionado em momento algum. Resta portanto decidir se o desenrolar dos eventos ocorrerá pela perspectiva do personagem (primeira pessoa) ou pela perspectiva de um narrador autônomo (terceira pessoa). Qual a diferença?


Quando vai descrever um local (por exemplo) em primeira pessoa você pode usar uma construção do tipo: "diante dos meus olhos a mata fechada parece emitir um aviso para não entrar... o que devo fazer?". Já em terceira pessoa, a construção poderia ser: "diante dos seus olhos a mata fechada parece emitir um aviso de não entrar... O que você fará?". Sendo mais específico, quando vai listar suas posses, em primeira pessoa é sempre "Eu tenho..." e em terceira pessoa "Você tem...".

Há ainda uma terceira forma de montar a narrativa, com duas "entidades": o personagem e a sua "consciência" que, em certos momentos, conversam entre si. Nesse caso a descrição das posses começa sempre com "Nós temos..." . Como escolher a estrutura?

A primeira pessoa é de longe a mais complicada de compor os textos porque você tem sempre que lembrar que é o "leitor/jogador" falando. Já a terceira pessoa é impessoal, fria e boa para não envolver demais o leitor com o personagem. Já a opção da "voz da consciência" permite construções mais emocionais, com tiradas de humor, repreensão, surpresa, etc. Se bem feita o leitor pode até ficar amigo da "consciência".

Antes da decisão final, vamos montar um roteiro básico do que vai acontecer em nossa aventura, dada a iminência da guerra (os europeus já estão quase chegando). Vai haver uma descrição do local e dos acontecimentos próximos passados. Em seguida o personagem fica diante da decisão de ficar e lutar ou desistir e fugir para a mata. Siga o diagrama abaixo e tente montar esses cenários de decisão.


Note que reiniciar significa que o personagem morreu e o leitor tem a alternativa de começar tudo novamente, tomando outras decisões. Já a alternativa de encontrar um lugar perfeito (paraíso) pode deixar uma abertura para uma segunda aventura: o que aconteceu com essa nova comunidade.

Já na opção de ir preso (e torturado, claro) fica em aberto um "plot twist" ou uma reviravolta inesperada, levando o leitor até horizontes ainda não deslumbrados.


Entendi, vamos em frente...

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