Eu sabia,
sobrou pra mim. Eles inventam esses jogos complicados e dane-se o Bob,
que tem de sair à cata dos pixels correspondentes. Idéias
é que não faltam, palpites então nem se fala, mas
na hora de ralar o pixel é que a coisa complica. Complica? Nem
tanto.
Vamos lá.
Precisamos de um tanque de guerra, uma arma e uma explosão. Nada
mais que isso, além é claro de editores gráficos
e um certo gosto pelas artes digitais. O tanque... hum! Onde eu ví
um tanque? Ah! lembrei: o big boss gostava de desenhar essas coisas no
tempo do ZX 81 e do TRS 80. Quem sabe eu não acho um lá?
Dito
e feito. A belezura aí ao lado é famosa. Foi até
capa da edição número 44, da revista Micro Sistemas
lá pelo ano de 1985. Com direito a animação e o escambau.
Só a produção desta capa (se bem me lembro) já
daria por sí só umas boas matérias aqui na TILT.
Mas por hora voltemos ao nosso tanque.
É
claro que, como está, ele não serve. Foi feito num tempo
que o pixel equivaleria hoje a mais ou menos uns 50 x 50 pixels. Se reduzirmos
ao tamanho natural ele praticamente desaparece. A saída é
aproveitar a estrutura antiga e fazer algumas modificações,
adaptações, etc. Coisa para zoom de primeira classe.
O truque
é simples (principalmente depois que se torna conhecido): você
amplia a figura aos poucos e vai editando-a para que os cantos fiquem
arredondados e percam aquele formato "quadradão". Neste processo
vamos modificando ou incluindo mais elementos. Aumenta-se também
o nível de detalhes de cada figura.
Quando atingimos
as dimensões desejadas, passamos para a fase da pintura e da confecção
de sombras, dobras e depois dos elementos que produzem a ilusão
de volume na figura. Uma vez feita a "fôrma" principal, basta uma
rápida consulta aos livros com fotos de veículos militares
para "sacar" lances de camuflagem.
Pesquisando
nos arquivos, encontrei umas figuras de tanques, que podem sofrer o mesmo
processo de adaptação e render ótimos exemplares.
Ainda poderia utilizar a modelagem em 3D, mas isso sairia um pouco fora
do propósito desta matéria. Em outra ocasião veremos
mais detalhadamente o processo em 3D.
Já
temos um tanque que anda prá lá e para cá. Agora
precisamos explodir o dito cujo. Nestas horas é que o scanner
quebra um galhão.
Imagens
de explosão podem ser achadas em praticamente qualquer revista
de jogos. Livros e revistas sobre guerras e equipamentos militares então
nem se fala. Só precisamos de uma que tenha a estrutura que desejamos,
ou seja, algo que indique um grande movimento para cima.
Achei a
tetéia acima numa antiga revista de games. Obtida a cópia
escaneada, o trabalho principal é "limpar" a área em torno
da figura da explosão. Isso é feito com o maior tamanho
possível da imagem. Uns mil por mil pixels é suficiente.
Depois reduzimos
a explosão para o tamanho final dela e produzimos uma série
de etapas, obtidas a partir da redução feita. Usando efeitos
como redução, ajuste de brilho e contraste e cores, podemos
obter esses efeitos. É claro que sempre fazemos uso da "mão"
do artista para uns ajustes aqui e acolá.
A
etapa seguinte é produzir a explosão do tanque. O procedimento
é o mesmo e aqui conta as horas de vôo que o artista tem
pilotando fitas de vídeo de antigos filmes de guerra e dos modernos
filmes de ação, a lá Rambo & assemelhados. É
preciso "sentir" como a explosão se daria, de dentro para fora,
afinal a bala perfurou a blindagem do tanque e acertou o depósito
de munição.
Imagine passo-a-passo
como seria a explosão. Pedaços maiores subindo e depois
caindo, formando um ângulo mais aberto. Com os modernos editores
gráficos, é muito fácil "cortar" um pedação
da carcaça do tanque e ir rotacionando-a e deslocando, para obter
este efeito. Depois é só fundir o tanque com as explosões
e fazer uns ajustes.
O
cano da arma e o fogo que sai da sua boca, quando há o disparo,
seguem o mesmo caminho das outras ilustrações. A gente acha
esses pequenos detalhes em bancos de figuras, discos de clipart, telas
de jogos, etc. O que importa é "ver" o elemento em algum lugar
e com o uso da edição gráfica, adaptá-lo às
nossas necessidades. Isso é um verdadeiro trabalho de clip arte.
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